21 de novembro de 2024

Mais uma vez, deixei passar muitas semanas e meses antes de vos contar da minha vida como escritora. Fiz o lançamento de AS GAIVOTAS TAMBÉM MORREM em Vancouver, Canadá, outubro deste ano, e acabei de apresentar o livro em Ponta Delgada, Açores, na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada. Estou feliz com ambas as apresentações e com os debates sobre democracia e os sonhos de Abril. As pessoas precisam mesmo de sentirem que as suas opiniões políticas são ouvidas e foi um grande prazer ser moderadora das conversas.

Tenho estado a tirar um curso de pós-graduação em escrita de ficção na Universidade Lusófona, o que tem ocupado de modo agradável o meu tempo, para além do facto que também faço voluntariado e tenho atividade política. A azáfama não me tem dado grande disponibilidade para escrever ou até ler por prazer. Mas há períodos na vida de quem escreve em que a expressão criativa fica em segundo plano no processo de promoção de livros e de simplesmente vivermos uma vida inteira e redonda.

 

18 de Agosto, 2024

Eu tenho estado tão compulsivamente imersa na escrita, que até me esqueci de vos atualizar sobre novas publicações.

PERSURSO, IMAGIC FRAGMENTS OF BEING, THERIANS e a sua tradução TERIANOS, MOTHER OF STONES, AS GAIVOTAS TAMBÉM MORREM e a sua tradução SAGULLS ALSO DIE, estão todos publicados em KOBO e em AMAZON. Alguns destes títulos também estão publicados em capa mole. 

Acontece que AMAZON também tem às vezes problemas no seu software e estou neste momento à espera de que resolvam aqueles ligados à criação de capas. É só um problema técnico, mas atrasa todo o processo de publicação em papel.

Em Portugal, tenho dois livros a serem publicados em papel. MÃE DE PEDRAS sairá das máquinas dentro em pouco tempo, uma publicação de PRIMEIRO CAPÍTULO de Atlântic Books e foi com muito prazer que encontrei uma nova editora, a qual recomendo vivamente: ECRITOR EDIÇÕES de Roberto de Jesus Reis. É uma editora muito pequena, mas esta permite um contato muito próximo entre a editora e a escritora, o que não acontece em grandes editoras comerciais. AS GAIVOTAS TAMBÉM MORREM será apresentado ao público leitor no dis 15 de novembro, na Biblioteca Pública de Ponta Delgada.

Recebi recentemente a minha encomenda dos livros de autor, MOTHER OF STONES, e estou deliciada! 

Como podem ver, estou muito empenhada na escrita, de tal modo que estou matriculada na Universidade Lusófona para começar em setembro um curso de pós-graduação em escrita de ficção. 

Deixo-vos agora porque tenho mais histórias para contar, agradecendo de antemão o vosso apoio na aquisição de um (ou mais) livros meus. Com um abraço às minhas leitoras e aos meus leitores, desejo-vos a continuação de um verão excelente. 

 

 

12 de julho, 2024

O processo da escrita não acaba quando o texto está completo. A parte criativa termina e depois vem a revisão do texto e o processo de editar o conteúdo. Eu tenho duas amigas as quais, para além do afeto que sinto por elas, são excelentes revisoras profissionais da língua portuguesa e tenho o privilégio de trabalhar com elas. A seguir, em geral, é tempo de incluir ou retirar do texto o que os primeiros leitores sugerem. Nesse caso, o texto volta à revisora para confirmar que o que está escrito está correto, tanto do ponto de vista gramatical e de pontuação, como em termos das próprias palavras utilizadas.  

Várias pessoas, que não são escritoras, pediram-me cópias de um ou de outro livro para serem primeiros leitores, mas eu raramente recebi dessas pessoas as suas opiniões informadas. Talvez não tenham gostado do livro e não me quiseram ofender. Não sei. É pena, porque a interação entre a escritora e os leitores é importantíssima para que a obra se torne melhor. Penso que esta interação, antes de o livro ser publicado, não é muito comum aqui nos Açores. Porém, é rotina na América do Norte. 

Finalmente, a obra fica completa, mas o trabalho não terminou. No meu caso, porque sou uma desconhecida de editoras e não tenho um registo de grandes vendas prévias, as grandes editoras tradicionais em Portugal não estão dispostas a apostar em mim. Resta-me fazer parcerias com editoras comerciais, procurar uma pequena editora que confie em mim, ou publicar por minha conta. Todas estas últimas opções implicam custos elevados, para além dos custos da revisão de texto. Não escrevo para me queixar. Estou, simplesmente, a explicar o processo de como um livro escrito chega às mãos dos leitores.

Felizmente, hoje em dia, existem publicações de livros digitais, e-books, o que me facilita em muito porque posso publicar gratuitamente e os leitores, no conforto das suas casas, podem adquirir livros a uma fração do preço de venda ao público de livros em papel. Mas o livro tem de ser formatado, tenho que criar uma capa e tenho de fazer a conversão de Word para os formatos exigidos pelas diferentes editoras digitais. Esta última parte do processo tem sido uma aprendizagem acelerada porque tive de aprender a trabalhar em aplicações digitais, às quais eu nunca tinha sido exposta. No fim, temos livros prontos a serem lidos e apreciados (ou não). 

Fico na esperança de que queiram ler o que eu escrevo e que me enviem a vossa opinião. Saudações afetuosas!

26 de junho, 2024

Eu estou numa onda criativa, o que me faz muito feliz. É uma maravilha ver as ideias e as imagens que temos na cabeça criarem corpo e substância e, depois, serem partilhadas com o mundo. A criatividade é isso mesmo, quer se trate de criar mobília, um motor, uma pintura ou um livro. A expressão criativa é uma das facetas mais humanas que temos. Entretanto, tenho vários motivos para festejar:

 

Em primeiro lugar, acabei de publicar na KOBO RAKUTEN dois livros: PERCURSOS (https://www.kobo.com/ca/pt/ebook/percurso) , uma coletânea de poesia, e AS GAIVOTAS TAMBÉM MORREM (https://www.kobo.com/pt/pt/ebook/as-gaivotas-tambem-morrem ), uma novela sobre os perigos da extrema-direita se esta se viesse implantar nos Açores.

 

Em segundo lugar, o meu romance em inglês, publicado por AUSTIN MACAULEY Publishers já está em pré-venda em todas as plataformas mais conhecidas do mundo Anglo-Saxónico. Excellent!!

 

Finalmente, tenho estado muito focada na tradução das minhas histórias. Acabei de traduzir AS GAIVOTAS TAMBÉM MORREM para inglês (só falta ir à revisão de texto), e a minha tradução de MOTHER OF STONES está no processo de eu decidir onde publicar porque tenho duas editoras interessadas e ainda não sei qual delas escolher.

Por agora deixo-vos com votos de muitas boas leituras, de muita saúde e de alegria.  

 

 

18 de junho de 2024

Estou muito feliz porque acabei a tradução para português de MÃE de PEDRAS que foi um trabalho moroso e levou-me a compreender melhor a língua portuguesa e as muitas diferenças de formatação entre discurso direto em inglês e em português. Agora só falta encontrar uma editora disposta a publicar o livro, tanto em formato impresso como em e-book.

 

Como eu tenho problemas de visão, eu já sinto muitas dificuldades em ler livros impressos porque as letras são muito pequenas. Portanto, só leio por prazer romances em formato digital. Eu tenho um leitor eletrónico, relativamente barato, da companhia Kobo Rakuten e é uma maravilha poder aumentar as letras e o espaço entre as linhas. Porém, quando eu visitar o Canadá este outono, vou também comprar um Kindle da Amazon porque eles têm uma maior diversidade de livros e são mais baratos. Como eu leio muito, às vezes centenas de páginas por dia, preciso de ter acesso a livros baratos, de outro modo, entro em bancarrota (riso).

Como escritora, não só quero ver os meus livros no maior número de plataformas e livrarias, como quero que os meus livros sejam acessíveis a quem os quiser ler, daí ser importante para mim que o preço seja baixo. Penso que, em geral, os livros em Portugal são caros demais para os rendimentos das pessoas e as bibliotecas públicas encontram-se, normalmente, longe das pessoas e com acervos limitados devido a restrições financeiras. Outra coisa que eu acho estranho é que, em pleno século XXI, na era digital, as bibliotecas não tenham livros eletrónicos para emprestarem.

O meu sonho, como escritora e como agente política é promover a criação de pequenas bibliotecas em todas as freguesias do concelho de Ponta Delgada, com um sistema de intercâmbio interno de livros. Acho que promoveria a leitura entre os mais jovens e, quiçá, essas pequenas bibliotecas se tornassem pontos de encontro da população residente. A literacia é por demais urgente para que continuemos sem respostas eficazes e abrangentes.

 

07 de junho de 2024

Tenho estado tão focada na escrita que me esqueci de atualizar este blog. A verdade é que eu estou convencida que tenho uma boa dose de loucura, porque tenho vários textos entre mãos e fico fascinada com um e depois salto para o outro e outro ainda, igualmente deliciada com o processo de escrever.

Comecei há meses a escrever em inglês a biografia ficcionalizada da minha mãe, BIOGRAPHY OF CLOUDS, a qual tive de interromper porque se tornou emocionalmente difícil de continuar. Tenho saudades da minha mãe e da minha irmã, da inocência dorida da infância. Mas também tenho o peso da minha própria vida e das minhas memórias, as quais sendo muito dolorosas, de certeza que dão uma perspetiva distorcida do que foi a vida de Maria do Céu, da qual tenho muito orgulho. Devagar, irei escrevendo a sua biografia porque a vida da minha mãe merece ser contada, com coragem e empatia pelos seus desafios de vida.

Entretanto, tenho um romance de ficção científica relativamente pronto, SEMENTES DE RIATH; o princípio de uma coleção de micro-contos, IMAGIN/AÇÃO; uma novela de ficção especulativa, AS GAIVOTAS TAMBÉM MORREM; e uma novela incompleta de fantasia/ficção científica, TEMPO DESMEDIDO. Como podem imaginar, escrevo constantemente e leio todos os dias, portanto tenho a vida cheia de imaginário que me transcende. Consolo-me!

Se alguém que leia estas palavras estiver interessado(a) em ser um primeiro leitor, envie-me uma mensagem e eu terei muito gosto em partilhar o que escrevo na expetativa de uma crítica autêntica e ponderada.  

 

1º de Maio, dia do trabalhador, 2024

Hoje é o primeiro de Maio, dia de quem trabalha, mas nas ruas de Ponta Delgada, em São Miguel, não há mobilização popular com demonstrações ou cartazes, nem se ouvem palavras de ordem ou se vê participação em marchas de protesto. Disseram-me que havia um piquenique no Pinhal da Paz que é um lugar lindo, mas afastado e escondido da azáfama de uma cidade. Não me apetece um evento recatado. Quero estar na rua a gritar bem alto que todos e todas merecemos uma vida boa, a reivindicar direitos laborais, a exigir que as promessas de Abril sejam cumpridas.

Dá-me pena saber que, cinco décadas depois do 25 de Abril e do primeiro Maio em liberdade, as pessoas estejam acomodadas a essa liberdade de resmungarem nas redes sociais, sem o ardor de estarem presentes nas lutas necessárias. Talvez, como eu, sintam um nevoeiro mental e cansaço depois de dias a celebrarmos Abril. Mas os sonhos da Revolução dos Cravos não se restringem a uma data porque o 25 de Abril é um projeto de uma nação que se quer mais justa, mais inclusiva, mais democrática. É a esse projeto ideológico que eu dedico os meus esforços.

 

PALAVRAS DE RESISTENTE

Como rochas sedentas pelas ondas

Aqui me fico à espera da maré alta,

Escrevendo nas linhas d´água tantas perguntas

Na volta das respostas que eu ouvia.

Como um galho estalado pelo meio

Aqui me fico à espera das raízes

Violadas pela espada que me abria,

E enganada por palavras de enredeio.

Mulher, no feminino,

Aqui estou para ser contada

Aqui estou eu, resistente,

Esperando que as palavras que semeio

Não se enrosquem no sargaço

Nem se estalem pelo meio.

São palavras de tecedeira,

Mulher dura e arregateira,

São palavras de parideira

Escritas neste espaço

Onde eu resisto a vida inteira.

 

25 de Abril, 2024, 50 anos de democracia 

 

ABRIL

 

Aquele foi o dia das palavras habitadas,

Claras e inteiras como as madrugadas.

Abrimos de par em par as janelas

E, bebendo o sol em liberdade,

Vimos pássaros em mergulho nos cravos

Içados em mãos erguidas

Pelas ruas antigas da cidade.

 

Aquele foi o voo primeiro, adiado,

E, das nossas janelas,

que já não estavam fechadas,

Mergulhámos como aves perdidas

E era tanta a alegria

Que abrimos os braços,

pessoas aladas.

 

Nomeámos a esperança e a raiva caladas,

Inventando novos nomes a dar às coisas,

E nas palavras habitadas

Sonhámos juntos um novo porvir.

 

Foi o tempo de espontânea amizade,

Quando a gente se soltou a sorrir.

Os abraços foram mais fortes,

as vozes foram mais sonoras,

Em Abril, cantámos em liberdade,

Ao comprido dos sonhos e das horas.   

 

E agora que Abril nos lembra

Dos sonhos desse tempo de outrora,

Aqui estamos para renovar

As palavras então habitadas

Porque os anseios de uma vida boa

Não se atiraram para o mar.

 

Aqui estamos, todos juntos,

Camaradas dessas lutas

E das que se fazem nesta hora,

Aqui estamos nesta cidade

Para, de novo, exigir

A forma e o corpo

Dessa palavra liberdade.

 

 

 

20/04/2024

Neste azul-cinzento encontram-se as viagens da alma 

de quem pelo silêncio se foi 

e dos que pelo azul aqui ficaram.

Nestes traços de silêncio-azul 

encontra-se uma rosa dos ventos

daqueles que por outras águas se foram

e dos que o silêncio guardaram.

Do cais foram-se mágoas e lembranças

dos beijos, braços e deste mar,

na praia, esperanças marejaram pelos olhos

derramando-se, fio a fio, aos molhos,

daqueles que escolheram regressar,

porque esta é a cor da nossa alma,

este azul-cinzento e o mar.

Em ENTRE MAR E A FLORESTA, 2019

19/04/2024

Aqui estou a tentar criar/construir um website, sem que eu tenha quaisquer conhecimentos da matéria. O que vale é que os modelos dão muito jeito e lá vou eu, atrapalhando-me a toda a hora, usando palavras e imagens para comunicatir convosco, meu leitor e minha leitora.

Gostaria que quem lê os meus textos, comunicasse comigo para termos um círculo de leitores e, quem sabe, um círculo de escritores. A verdade é que a distância geográfica nada impede a nossa comunicação, e atrevo-me mesmo a dizer: a nossa amizade. Portanto, escrevam-me mensagens, tanto na minha página de Facebook, Avelina da Silveira: Moonwater Editions, como na secção de contatos e responderei prontamente.

Abraços!    

 

18/04/2024

Tento começar em branco uma nova etapa nesta plataforma, divulgando a minha escrita, com ilustrações da minha arte.Por uma variedade de razões, deixei de fazer artes plásticas. Fiz doação do meu material a vários artistas e encerrei o atelier. Não foi doloroso, pelo contrário. Precisava de ser criativa de outro modo, sem o trabalho extenuante de preparar exposições. Assim, o atelier (onde chove por dentro quando há tempestades e tem bolor por todos os cantos), é agora uma oficina de escrita.Com muita esperança que me acompanhem nesta jornada de criatividade escrita, envio-vos saudações do coração.

 

Noite é a raiz do tempo por abrir;

onde o silêncio escorre 

como um fio de lua 

onde me perco

à espera da madrugada